Casamento

Todo início de relacionamento amoroso é especial. O começo carrega consigo algo de empolgação, uma esperança renovada. À primeira vista é quase impossível encontrar defeitos no objeto do nosso afeto: ele é carinhoso, ela é compreensiva; ele só deseja estar ao seu lado, ela não é grudenta. O tempo de namoro parece o prelúdio da eterna lua de mel que será o casamento e você se questiona como foi capaz de viver antes de conhecer seu amor.

À medida que o relacionamento evolui, você passa a crer que ele é tudo pelo qual sonhou, que precisa dele para completar sua vida, e até mesmo conseguirá ensiná-lo a ser um homem melhor. Difícil de notar é que esse grande “amor” tem origem no interesse pelo que ele pode fazer por você ou no que ela pode acrescentar á sua vida. Ele se torna a solução dos seus problemas.

Depois de alguns anos de casamento, apesar de todo o amor, é fácil achar que você contrariou alguma lei cósmica, parece mesmo ter cometido um crime ao se casar, caso contrário por que daria tudo tão errado? Como pudemos ter nos enganado tanto? Para muitas pessoas, o saldo do primeiro ano de casamento é um misto de decepção e arrependimento e é comum hoje em dia chegar ao ponto do divórcio. Depois de passada a paixão, você já não consegue esconder quem é, nem consegue deixar de notar as irritantes manias da sua cara metade. O que antes era decisão virou grosseria. O carinho dela, antes desejado, agora se tornou sufocante. As características do outro passam a saltar aos olhos como defeitos. A partir desse momento você já consegue admitir que tinha expectativas, as quais foram impiedosamente frustradas pelo outro.

Penso que o que pode fazer diferença nesse momento é a presença de Deus em sua vida. Quando Deus é parte da sua vida, Ele não somente faz parte da sua vida, mas é o Senhor dela. Os planos de Deus são seus planos; as vontades de Deus, suas vontades. E o que Deus planeja sobre seu casamento é que você e seu cônjuge se tornem um só. A vontade de Deus para seu casamento é que ninguém os separe. O que Deus diz a respeito do casamento é que apesar de toda e qualquer coisa, essa é sua carne. Ainda que ele tenha decepcionado ou magoado é com ele que você deve construir sua vida. Mas Deus não diz que aprova as coisas erradas que acontecem entre vocês dois, pelo contrário: o que Ele diz é que apesar de você, dele, dos outros e da vida, Ele é Deus e pode transformar todo o mal que vocês possam ter feito em suas vidas em bem. Seu casamento deve ser um triângulo amoroso e Deus deve ser o terceiro vértice.

Esse viver a três é o que pode te ensinar a ser casado, ser esposa e ter um marido. Tenho aprendido que através dos nossos problemas e do nosso cotidiano, podemos nos relacionar não somente com nosso cônjuge, mas com Deus. Para se construir um casamento fundamentado na vontade de Deus, você tem que se relacionar com Ele ao mesmo tempo em que se relaciona com sua outra metade. No casamento você não pode tornar seu marido em fonte de alegria e paz na sua vida, tem que fazer sim, de Deus, sua fonte de alegria e paz. A maioria das mulheres casa achando que ao colocar seu marido acima de tudo fará de seu casamento um sucesso. Os homens pensam que sua esposa vai supri-lo de todo amor e afirmação que ele precisa sentir. Mas seguindo por essa estrada o destino certo é um abismo de decepção e expectativas frustradas. É preciso que entendamos que não é nosso marido quem vai nos sustentar emocionalmente, não é sua esposa quem fará você feliz ou se sentir valorizado. Não cabe a seu marido ser sua bengala na vida, esse não é o plano de Deus, nem foi para isso que Ele criou o casamento. Você não pode querer ter do seu marido o mesmo que ele busca em você, isso só causará dor e separação. Se tornar um só com seu marido somente será possível se Deus for a cola que os une e caminhar a dois se caminharem a três.

Aprender juntos, sobre qual o plano de Deus para suas vidas, a forma como Ele quer que vivam, apesar de não ser fácil, é o único modo de garantir o sucesso. É difícil colocar em prática tudo que Ele nos ensina, abdicar de nossos direitos e necessidades para suprir, sem garantia de retorno, as necessidades do outro. Colocar nas mãos de Deus nossas expectativas e não esperar que o outro faça nossas vontades, calar quando vemos nossos direitos não sendo respeitados e confiar que é Deus quem militará por nós. Talvez a lição mais importante que tenhamos que aprender nesse relacionamento é que viver casamento também é ser igreja. Mais que isso: não é possível ser igreja sem que se tenha essa consciência e experimente essa constatação no dia a dia.

Não é natural em nós. Essa atitude é antes fruto do Espírito Santo de Deus em nós. Não é reação ao que fazemos. É sim resultado da entrega completa à ação de Deus, à confiança de que somente na submissão a Seus planos e à Sua vontade, Ele fará em nós sua obra.